domingo, 11 de março de 2007

o vento. o vento, sabes, traz-me vozes que incendeiam vozes.
o mesmo vento que passa rente à terra da montanha, o vento,
o mesmo vento que lança a noite sobre o telhado da casa.

e o lume, o mesmo lume que iluminava a cara da minha mãe,
o lume, sabes, arde dentro de mim, esse lume é as vozes que
todos esqueceram. esse lume é as vozes dos mortos no cemitério.

os teus murmúrios gritam chamas dentro de mim. não sofro,
sei que o vento é a respiração do mundo. o lume pergunta:
quantas vezes saíste de dentro de mim para me abraçares?

José Luís Peixoto

7 comentários:

Anónimo disse...

Quem escreve estes textos? sao textos escritos por voces ou ja preconcebidos e apenas os colam aqui?

Anónimo disse...

Os textos que estão assinados por Raquel são meus, da minha autoria. Por Nelson são do meu colega e amigo. Este, obviamente, não é nosso, é de um escritor que muito prezo e muito me inspira. Mas sim, quando assinados por nós são escritos por nós.

Anónimo disse...

Os seus textos sao diferentes. Transmitem duas sensacoes distintas. Uma delas, um sentimento de revolta e desgosto de quem viveu situacoes inesperadas e simbolicas na sua vida, tais como um grande amor que nao deu certo, ou um assunto inacabado que alimenta a inpiracao. Outra, o simples facto de utilizar tantos artificios de forma a prolongar o desgosto em quem esta a ler. Digame, sinceramente... O que sente quando escreve estes textos melancolicos?

Anónimo disse...

Cada texto um sentimento. Cada sentimento uma multiplicidade de descobertas. Gosto de explorar aquilo que sinto para que nada passe por mim em vão. Gosto de me entender com alguma profundidade. Assim, aquilo que sinto quando escrevo tende a divergir de texto para texto. Todavia, neles há sempre pontos de contacto, sentimentos que se repetem, ainda que com outros contornos, outras cores, mas que se repetem sempre porque são reflexo daquilo que eu sou. São talvez vivências. O que sinto é... talvez medo, talvez fragilidade.

Anónimo disse...

Pois parece/me o contrario. Depois de ler os seus textos noto tudo menos fragilidade. Medo de que? Medo de enfrentar o inevitavel? Medo de que a verdade nao e o que parece mas sim aquilo que so a raquel quer e que nao ve para alem? A raquel deve ser uma mulher cheia de vivencias. Peca quando diz que se gosta de encontrar a si propria, pois termina o texto com duvidas. Os talvez ficam muito mal para alguem que afirma entender/se profundasmente. De qualquer forma gosto da sua escrita... Embora que lida por si deva ser mais intensa.

Anónimo disse...

Equívoco: nem nas linhas nem nas entrelinhas da minha resposta se pode retirar que eu me entendo profundamente. Eu procuro entender-me. As diferenças são óbvias - os talvez passam a fazer todo o sentido. Impossivel, por isso, responder com essa certeza que pretende. E mesmo que fosse possivel eu jamais o faria. Isso seria um grande passo em direcção à transparência e sem dúvida um atentado à liberdade do intérprete. Seja bem-vindo(a).

Anónimo disse...

>Gosto de me entender com alguma profundidade.> Foi uma frase utilizada por si na resposta. Mas mesmo esquecendo esta sua falha, fiquei curioso quando referiu medos. Que medos pode a raquel ter? Para mim, sinceramente, como pessoa e daquilo que aprendi com o que vivi so tenho um unico medo! O de me arrepender de algo que tenha feito. O arrependimento e o pior sentimento que alguem pode ter, e normalmente quando o sentimos minha cara raquel, ja e tarde. Decerto ja sentiu ou esta por sentir ainda.