domingo, 3 de junho de 2007

Porto Per Poeti

Caminho para o porto dos poetas que não escrevem.
Há um porto dos poetas que não escrevem.
Os poetas que não escrevem têm um porto.
O porto dos poetas que não escrevem – para o qual caminho,

[enquanto o vento não mudar de direcção.

E hei-de atracar até a inspiração se dissipar,
Ancorada pela renúncia aos sonhos - até a inspiração se dissipar – a caminho do Sul: na sombra dos pássaros.

Eu sigo o trilho do vento no mar: rota dos poetas que não escrevem.

E hei-de atracar até não sobrar nada.
Ancorada pelo absurdo da existência – até não sobrar nada – volúpia do que ficou depois dos pássaros: ausência.

Caminho para o refúgio dos poetas que não escrevem.
Há um refúgio dos poetas que não escrevem.
Os poetas que não escrevem têm silêncio entre dedos.
O silêncio é o refúgio – para o qual caminho,

[enquanto o vento não mudar de direcção.

Eu sigo o trilho do vento no mar.
Eu sigo o trilho do vento.
No mar.
E juro-te, pela certeza do fim – que hei-de ser alma de capitão.
Raquel

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