quarta-feira, 13 de junho de 2007

O Fundamental da Intencionalidade

Ontem, no sofá, adormeci no tédio de esperar-te.

E havia o teu cheiro de outros dias na almofada, como uma certeza de que ainda podias chegar a tempo – a tempo de tocares as minhas mãos e eu dar-me inteira por dentro.
Dar-me até conheceres a arquitectura do meu corpo como se fosse a nossa primeira descoberta. Lembras-te da nossa primeira descoberta juntos?

E tentas compreender tanto.

Deixa-te envolver no espaço de um movimento meu, sem pensares.
Não procures palavras: irias chamar-lhe talvez _________ – chamar-lhe apenas _________ (desejo) – até eu te morder a língua e beber do teu sangue, porque a saliva não basta. Irias chamar-lhe, talvez, desejo – até eu te fazer hesitar na dor de te rasgar as certezas todas que trazes nos bolsos das calças, e tu então chamares-lhe apenas _________ – chamares-lhe apenas _________ (amor).

Porque é que tentas compreender tudo?

Podias ter abandonado o som do piano e os livros e os teus pensamentos sobre nós, sobre a minha etimologia e o meu carácter – personalidade – sobre o sabor da separação. Podias ter abandonado o conforto de estares só, contíguo às tuas ideias, na certeza de esperar-te.

O silêncio faz o resto, dizes.
E, no entanto, nada pode fazer nada por nós, se tu não vieres a tempo de tocares as minhas mãos.
Raquel

9 comentários:

Raquel Morgado disse...

J. - espero que gostes - foi inspiradissimo no Boxer.

Anónimo disse...

Quero um cão desses :D

Anónimo disse...

OH OUTRO, ÉS UM CROMO! Deixas tu um bombonzinho destes à espera???? pfffffff ... fraquinho pah!

Anónimo disse...

Oh Bombonzinho, não te queres juntar aqui ao Salgadinho?? Sempre ouvi dizer que os opostos atraiem-se! EHHHHHHHH ...

Sabes onde me encontrar! *Wink* *Wink*

Navalha disse...

haaaam! o boxer fala de mulheres. não é estranho? fala de mulheres de uma maneira muito pouco ortodoxa. estou sempre a escrever para uma pessoia - para uma "ela". mas muitas vezes - é esta a verdade - nem faço ideia de quem ela seja.

that said, se tentaste recriar o estilo do texto, falhaste, o que é completamente indiferete para quem lê. se tentaste escrever uma boa peça, congrats kiddo, mission accomplished.

partimos de ângulos diferentes. tu tentas trabalhar mais através da adição. eu tento desesperadamente a subtracção permanente - fica a possuir o estilo, sentido e atmosfera algo austera que eu quero que os textos tenham. é engraçado verificar isso.

e eu gostei - mas há um ponto. tu inspiraste-te no meu texto para escreveres este - eu inspirei-me nu ma música para escrever o meu! "boxer" é o nome da música, dos the national (banda que descobri há pouco). não seria interessante ver como teria ficado o texto se tivesses usado a mesma fonte de inspiração que eu? terias ido directamente à fonte. teria ficado mais puro. e isso tê-lo-ia feito melhor ou pior? talvez não te tivesse inspirado tanto como o meu texto! e nesse caso, nunca seria a mesma coisa.

o hi5 ta fodido. não manda mensagens. "erro! de momento não é possível realizar essa acção". daí o silêncio.

muda de temas. fala de uma doença que se alastre pelo metal, e que seja descrita objectivaente. se não falares tu, falo eu.

Raquel Morgado disse...

Não tentei recriar o estilo do texto. O estilo é o meu, sempre o meu. Por mais que tente não consigo mudar isso. Tentei, sim, como leitora, pôr-me no lugar de destinatária da mensagem que transmites e com base nisso escrever. E olha, foi o que saiu. Podia ter-me dado pra falar de uma doença que se alastre pelo metal, mas o Boxer levou-me pra outros caminhos - pra estes caminhos.

E eu sei que, no fundo, no fundo, tu gostaste mesmo do texto.

De resto, as críticas têm sido bastante boas: divido o mérito contigo.

Anónimo disse...

tal como prometido, aqui te deixo um pequeno elogio à tua obra de arte! ja sabes o k penso, mas repito, ESTÁ DEMAIS!MUITO BOM! tens o dom da escrita, das-lhes vida! so espero k para a proxima nao adormeças à espera dele. continua no bom caminho e nao te esqueças daqui a uns anos de me oferecer um exmplar da tua publicação autografado ta? bjokas

Raquel Morgado disse...

j.p. esse comentário merece um grande, enorme, eterno xi-coração.

Anónimo disse...

A mim nao me despachas só com um autógrafo, deves!!! quero no mínimo um exemplar, um autógrafo e uma dedicatória a rimar , mas não é uma rima qualquer! tem que ser emparelhada, eu nao gosto cá das outras- bimbalhada. Se nao te esforçares tas feita comigo, a brigada da caracolda faz-te uma espera.