segunda-feira, 21 de maio de 2007

As Estátuas Também Brilham

Sem haver tectos para me resguardar, chovia a cântaros na minha vida.

E eu estava sentada – à hora marcada.

O meu cabelo era o brilho da chuva depois do sol, antes das nuvens.

E os movimentos do meu corpo eram estátuas em sonhos ardentes.

Sem haver tectos para me resguardar, chovia sobre mim.

E eu estava sozinha – debaixo do céu.

Os meus lábios eram rosas pétala a pétala desfolhadas, levadas pela chuva como um rio.

E os movimentos do meu corpo eram estátuas em êxtase.

Sem haver tectos para me resguardar, chovia a cântaros na minha vida.

Mas só até tu chegares.

Só até tu chegares de ramo de girassóis na mão.

De ramo de girassóis na mão – para me dar.

Eu estava sentada, sozinha, à hora marcada – debaixo do céu.

E fez-se sol em mim.




Ele contou, depois, que ela só tinha começado a falar por causa da lembrança dos pássaros. Ele contou que o sorriso dela se tinha inclinado todo para a direita – tortuoso, sinuoso – enquanto caminhavam lado a lado. Ele contou que a chuva era ouro vindo do céu.
Raquel

1 comentário:

Anónimo disse...

tens bons textos como te disse, mas experimenta ouvir "dead can dance" uma banda que revive musicas dos tempos medievais e não só. talvez consigas encontrar algumas semelhanças com as tuas prosas. eu associo algumas semelhanças...

bjs e até breve,
o anónimo