segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Poema ao(s) meu(s) amor(es)

Sabes,

Se o mundo fosse todo como tu
E se se lembrasse de mim com a mesma alegria com que tu te lembras.
Se o mundo me mimasse
E se risse comigo como tu ris.
Se o mundo fosse veias a pulsar vida e força como tu
E se fosse braços a remarem com a mesma coragem contra a maré.
Se o mundo me desse as mãos
E me agarrasse com a mesma vontade com que tu me agarras.
Se o mundo fosse vento
Se o vento fosse boca
E se a boca fosse a tua e me beijasse a cada sopro,
O mundo seria flores a brotarem dos meus olhos,
Os meus braços teriam a leveza dos ramos das árvores a suportarem os pássaros nos intervalos do voo
E as minhas palavras teriam a bravura das correntes de água a descer o rio.

Se o mundo fosse todo como tu
A minha língua pintaria céus cheios de cor,
Os meus cabelos brincariam com todas as crianças, desenhariam berços em traços profundos e embalariam todos os choros.
Se o mundo
Esse mudo lá fora, em que a seiva apodrece e se desgasta,
Fosse todo como tu
Seria magia tudo o que existisse.

Mas lá fora são tantas as cordas que prendem as mãos
Os caminhos e estradas de vidas de cão
Porque o mundo não é como tu
E tu,
Tu não és como o mundo,
Esse mundo de fendas, esse mundo sem chão.

Tu és
Areia da praia, coluna de ar, sumo de amora, chave da porta, pele a sarar.
És o ponto mais alto, o ponto único, o ponto supremo,
O ponto final.

E ninguém te diz
E ninguém te escreve melhor do que eu
Porque ninguém escreve melhor do que eu. Ninguém.
Ninguém escreve melhor do que eu
Quando trago o teu nome entre os dedos
Quando te trago inteiro na alma
E és tu todo o ar, toda a garra a correr-me no sangue, toda a inspiração.

Raquel Morgado

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